Cap. 3: O mundo já tem heróis e vilões demais. Torne-se um Anti-herói.
Thursday, 04:36 AM.
— “Uma vez meu pai foi me buscar na escola. Eu matei aula e fomos até a praia.
Compramos uma pizza e ficamos brincando.
Quando voltamos pra casa, estava com os sapatos cheios de areia. Eu subi pro meu quarto e despejei ela lá mesmo.
Minha mãe ficou zangada. Mas meu pai não se importou. Eu tinha apenas 6 anos, não entendia a diferença.
Meu pai disse que há bilhões de anos a mudança no mundo e as movimentações do oceano trouxeram a areia para aquele lugar na praia e depois eu levei ela embora.
Ele disse, todos os dias a gente muda o mundo.
Um pensamento legal até eu imaginar quantos dias e vidas eu precisaria pra levar um sapato cheio de areia pra casa até que não tenha mais praia.
Até que fizesse diferença pra alguém.
Todo dia a gente muda o mundo, mas para mudar o mundo de um jeito que signifique alguma coisa, leva mais tempo do que as pessoas têm.
Nunca acontece tudo de uma vez.
É lento.
É metódico.
É exaustivo.
Nem todos tem estômago pra isso.”
(trecho da série Mr. Robot.)
Elliot é quem tem esse monólogo. É o protagonista da série e um gênio hacker. Como Elliot, também já tive minha própria vontade de mudar o mundo.
Mas percebi que o que eu deveria mudar era a mim mesmo.
Um anti-herói não muda o mundo, ele muda a si mesmo.
Existe um velho ditado, você provavelmente já ouviu falar nele. Diz o seguinte — “se quer mudar o mundo, comece arrumando sua cama”.
Mas ao invés de mudar o mundo, eu diria — “se você quer mudar sua vida, comece arrumando sua cama”.
Quando você para pra pensar nas atitudes da maioria das pessoas, nota-se uma pequena contradição.
Muitas delas estão compelidas a mudar o mundo mas não conseguem tomar controle sobre suas próprias vidas. Nem nas pequenas ações.
Isso me lembra de uma frase que ouvi em um vídeo de um cara no youtube.
— “O homem que vive para si mesmo é o que mais contribui para a sociedade.”
Sem causas sociais.
Sem preocupações desnecessárias com a vida alheia.
Apenas um homem vivendo sua própria vida sem buscar agradar ninguém além dele mesmo.
Você pode me dizer — “isso é egoísta demais”.
Aí eu te pergunto, quem você pode ajudar estando pobre, feio, burro e sem saúde?
Ninguém. Nem você mesmo, que deveria ser a maior causa de suas preocupações.
Sendo assim, o melhor que você faz é focar no micro. Não tente abraçar o mundo, resolva sua vida antes. Isso é amor próprio.
O esforço que você faz para melhorar a si mesmo às vezes é contagiante. Ele é transmitido para pessoas ao seu redor.
Por que isso acontece? Simples.
Você fica mais inteligente.
Ganha mais dinheiro.
Fica mais bonito.
Tudo isso até que seja impossível as outras pessoas não notarem. Elas vão querer saber o que você fez para chegar onde chegou.
Vão te pedir conselhos, aí essa é a hora de você transmitir o que aprendeu. Faça isso não necessariamente para mudar o mundo, mas para sua própria satisfação e melhora.
O que é necessário para mudar.
Agora, considerando que você entendeu que o foco da sua vida deve ser sua própria pessoa, qual o ponto de partida?
Onde você deve colocar suas energias?
Na teologia muito se fala sobre a conexão entre corpo, alma e espírito. Esse conceito serve para ilustrar a existência do homem e sua complexidade.
Corpo seria a matéria que nos conecta com o mundo físico.
Alma ou Mente é nela que residem nossas emoções, intelecto e vontades.
Espírito a parte mais profunda do ser humano e que se relaciona com Deus.
Assim é formado o ser humano.
Em Tessalonicenses 5:23, uma passagem da bíblia, está escrito — “Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente e que todo vosso ser, o espírito, a alma e o corpo seja guardado irrepreensível”.
Isso revela um pouco sobre nossa natureza tricotômica e a importância de cuidarmos dessas três vertentes.
Entretanto, como meu conhecimento sobre espírito ainda é muito limitado, vamos focar apenas nas outras duas vertentes. Corpo e mente(alma).
Cuidando do corpo.
— “Nenhum cidadão tem direito de ser um amador em matéria de treinamento físico. Que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ver a beleza e a força de que seu corpo é capaz.”
-Sócrates
Acho que as palavras de Sócrates resumem tudo. Hoje, eu não consigo enxergar minha vida funcionando sem exercícios físicos.
Até teve uma época em que fiquei viciado, aí você pode até pensar que não é uma coisa ruim.
Não vá cair naquela ladainha de “como ficar viciado em estudar”, “como ficar viciado em treinar”. Você tem que ter bom senso e saber dosar as coisas.
Tudo em excesso faz mal.
Agora, se você não tem o hábito de se exercitar regularmente ou está com muita resistência para começar, pense um pouco mais baixo.
Ao invés de se inscrever na academia de uma hora pra outra e tentar ir todos os dias, comece fazendo flexões no chão da sua casa.
Coloque qualquer tênis que tiver e saia para uma corrida no seu bairro. A ideia aqui é acostumar seu corpo aos poucos até subir para o próximo nível.
Não consegue treinar 6x na semana, treine 3x. Não consegue treinar por 1h, treine por 30 minutos. E assim vá evoluindo gradativamente.
Desafiando a mente.
A melhor forma que encontrei para desafiar a minha mente foi criar essa newsletter. No começo, tudo era novo. Eu não tinha ideia nenhuma do que escrever e como escrever.
Sentava na minha mesa e lá ficava divagando até ter alguma ideia ou simplesmente até desistir. Às vezes eu caia no sono.
Nunca tinha encontrado um troço tão desafiador na minha vida.
Atravessar uma pequena quadra na parada de mão (eu fazia isso na escola quando era mais novo) parecia menos desafiador do que escrever um texto desse em uma semana.
Não é só escrever, o texto precisa ter coerência, precisa seguir uma narrativa e um certo fluxo que, às vezes, é quebrado porque as ideias se contrastam.
Por isso, simplicidade é a chave. Se você deseja começar a escrever, internalize esse conselho.
Simplifique.
Simplifique.
Simplifique.
Transmita suas ideias de uma maneira fácil e direta, sem rodeios. Não se esqueça que a escrita também é uma forma de comunicação.
Uma comunicação eficiente é aquela que é entendida. E isso se faz da seguinte maneira:
Seguindo uma narrativa.
Utilizando uma linguagem simples.
Sem muitos segredos, não é verdade?
Está quebrado? Se sente um merda? Sua vida não é o que você desejava que fosse?
Se chegou até aqui, essas são as duas únicas coisas que você deve fazer para mudar essa situação. Cuide do seu corpo, cuide da sua mente.
0% de preocupação com o resto do mundo. 100% de preocupação com sua própria vida.
Um herói, é aquele que salva o mundo. O vilão, é aquele que o destrói. Já o anti-herói, não está aqui para destruir ou salvar o mundo.
O anti-herói é aquele que caminha sobre os destroços.
Torne-se um Anti-Herói.